No céu gatos bodes

cobras

pessoas peixes manequins azuis

e na terra a falésia

onde nas fendas podemos ver

ossos

cabelos que o vento ainda agita

a lembrança do teu perfume.

 

A isto segue-se a aparição de um arado

maior que o mundo.

 

Depois será evidente um búzio

ainda muito maior que o arado

seguido de um novo mundo

todo em chamas

rodeado de atentos arqueólogos

comendo lava.


 

 

Longa        longamente

viajo no mar encapelado dos teus cabelos

atravessando de lado a lado o universo

enquanto as tuas escamas brincam

com os reflexos do sol.

 

A essa mesma hora

começam os barcos

pelas esquinas

a espera da maré amarga

que os leva.

 

Das fachadas sem cor

pendem desbotadas cabeleiras

que sabem ler nos mapas mais secretos

e de olhos vendados

o intensíssimo

amor dos relâmpagos.


 

 

As rosas adoram o sal

tanto como os comboios as tempestades

e os mortais os mais imortais

enchem de nós manuelinos

os infindáveis dias

com o espasmo das gaivotas

petrificadas no espaço.

 

Chora a pomba de Picasso

grandes lágrimas

como maçãs

ainda verdes

e logo com colchões de prostíbulos

vêm pavimentar as ruas para a procissão

dos sete mil infortúnios.

 

Palavras exageradas

entumecidas pela madrugada

erguem a toda a altura nas mãos

imagens de um naufrágio

acontecido no quadragésimo quinto andar de uma cidade

com os pulmões cheios de bruma.

 

E então as mãos regressam

pródigas na tarde-cigarro

que a si mesma se fuma.


ARTUR DO CRUZEIRO SEIXAS: (PORTUGAL, 1920) Poeta, dibujante, pintor.

Fundó el Grupo Surrealista de Lisboa, junto a Mário Cesaryni, Antonio María Lisboa, Carlos Calvet, Pedro Oom y Mario Hernrique Leiria.

Viajero impenitente, estuvo en África, Asia e India. Permaneció varios años en Angola, donde escribió la mayor parte de su poesía.

Su obra visual es una de las mayores expresiones  y experiencias del Surrealismo.

Cruzeiro Seixas se considera "como un hombre que pinta" y detesta que lo llamen "artista".

Artur Cruzeiro Seixas

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